Pastores de 5 ramificações evangélicas criticam uso político da religião

Nunca a religião evangélica foi usada de forma tão agressiva na política como na atual campanha presidencial. Eleito presidente em 2018 com apoio de pastores e bispos de ramificações neopentecostais poderosas, Jair Bolsonaro dobrou a aposta na tentativa de reeleição.

Além de apoiar Bolsonaro, alguns líderes evangélicos agora atacam o seu principal oponente, Luiz Inácio Lula da Silva. Para isso, alguns deles lançam mão de mentiras, como a de que o presidenciável petista vai fechar templos caso seja eleito.

Para tentar reverter o estrago, Lula tenta encontrar brechas para falar ao eleitor evangélico.

Pastora Romi Bencke, luterana 

Vejo com muita preocupação. A mistura, durante a campanha eleitoral, entre expressões de tradições evangélicas e a política partidária é péssima tanto para a fé evangélica quanto para a qualidade do debate político. Uma campanha político-eleitoral deveria centrar-se em projetos para o país. Não nos faltam problemas para resolver, sendo que o mais grave é a desigualdade econômica. A partir do momento em que colocam Deus e o Diabo como tema de campanha eleitoral, os assuntos que realmente importam tornam-se secundários, quando não invisibilizados.

Pastor Eliel Batista, pentecostal 

Não existe posicionamento apolítico, porque não existe nenhuma sociedade ou vida comunitária que não seja política. Entretanto, o uso da religião para disputa de poder eleitoral é extremamente prejudicial para a fé e uma manipulação da boa-fé do povo, porque esse uso entra numa guerra que não lhe pertence, leva as pessoas a cometerem perversidades em nome de defender um candidato específico e muitos se perdem do caminho, abandonando verdades que abraçaram quando adotaram a fé cristã.

Pastor Levi Araújo, batista 

Não há nada mais perigoso para as conquistas civilizatórias do que essa maligna mistura da religião evangélica com o bolsonarismo. Um líder espiritual tem o direito de não abrir ou abrir o seu voto, mas jamais de impor o seu voto ou de manipular os seus seguidores para em nome do seu Deus votarem em quem ele vota.

Pastor Edson Nunes Junior, adventista

É muito perigoso que uma religião seja dominante em um país de diversidade religiosa por motivos de liberdade e justiça. O flerte com o poder político constituído sempre afastou os cristãos dos verdadeiros valores do reino de Deus e os aproximou da violência e da soberba. Na verdade, para os cristãos, se tornar essa religião dominante politicamente, é também o seu fim como religião, porque é negação dos valores essenciais. O cristão consciente de quem foi e é Jesus Cristo se opõe, veementemente, ao uso da religião na política. 

Pastor Nilson Gomes, da Assembleia de Deus 

Essa "mistura de religião evangélica e política" é uma mistura perigosa que cobrará o seu preço e, sobretudo, essa mistura representa uma blasfêmia contra o Evangelho de Jesus Cristo. Entendo que a missão da igreja é ser representante e sinalizadora do Reino de Deus na terra. A igreja não é uma agremiação política partidária e, em hipótese alguma, pode se tornar fiadora de qualquer candidato, partido ou ideologia política.

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