Nos próximos quatro anos, se vencer a miopia dos cartolas caretas, Tebet reformará o Centro Democrático, proporcionando uma alternativa política robusta aos eleitores em 2026.
Já dizia Fernando Henrique Cardoso, vencer uma eleição para presidente tem mais a ver com circunstâncias do que com planos. Se for assim, Tebet largará com vantagem, pois está no lugar certo, na hora certa.
As eleições de 2022 são um duelo de rejeições entre um ex-presidente e o atual. Nesse clima, o eleitor não se arrisca a ver seu extremo oposto ocupar a presidência por mais quatro anos.
Ainda assim, o ‘troféu revelação 2022’ vai para Simone Tebet (deixa a disputa tendo despertado respeito, simpatia e interesse no eleitor). Mesmo desconhecida Brasil afora, manteve rejeição insignificante e multiplicou sua fatia de votos inicial.
Segundo algumas pesquisas, se fosse para o segundo turno, a Senadora poderia vencer Bolsonaro e não faria feio contra Lula. Enquanto isso, quem esperava que dessa vez Ciro animasse o eleitor, viu o candidato minguar para menos de 10%.
Simone Tebet não é novata nem ingênua na política, acostumada a desafios e vitórias. Vinda do Pantanal, formou-se no Rio de Janeiro e é Mestre em Direito pela PUC de São Paulo. Foi professora universitária, deputada estadual, prefeita (reeleita com 75% dos votos), vice-governadora e Senadora.
Soube aproveitar com inteligência o primeiro turno, de olho em 2026. Usou com habilidade seu tempo de TV, a verba eleitoral, os debates e o peso histórico do MDB e do PSDB, para se apresentar e conhecer o País.
De quebra, se houver segundo turno, prepara-se para subir no ‘palanque pela democracia’ e consolidar sua imagem. Para isso, toma o cuidado de estabelecer limites em uma eventual aliança com Lula (ao demarcar de antemão as diferenças, está preservando sua independência como candidata de oposição em 2026).
Caberá à velha guarda do Centro admitir a liderança renovada, de perfil liberal-progressista que poderá devolver tucanos e emedebistas ao palco principal da política brasileira.
Felipe Sampaio: ex-assessor especial dos ministros da Defesa (2016-2018) e da Segurança Pública (2018); foi secretário-executivo de Segurança Urbana do Recife; colabora com o Centro Soberania e Clima.
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