O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), emperrou o anúncio que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) faria do nome de Nísia Trindade Lima, atual presidente da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), como ministra da Saúde do seu governo.
Nísia informou a integrantes da equipe de transição que o próprio Lula lhe comunicou que não faria mais o anúncio nesta terça-feira (13).
A versão que corre na bancada do Partido dos Trabalhadores é que o anúncio foi suspenso por pressão de Lira. O deputado teria sido informado de que seu principal adversário político em Alagoas, o senador Renan Calheiros (MDB), estava cotado para assumir o Ministério da Integração.
Lira, então, resolveu oferecer ao futuro governo uma nova fórmula para aprovação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Transição: em troca do comando da pasta da Saúde para seu grupo, ele garantia o voto a favor do texto de um grupo que chamou de "consórcio de deputados". Seriam cerca de 150 integrantes do seu partido, o PP, do União Brasil, PSDB e Cidadania, entre outras legendas.
Com esses 150 deputados, somados ao MDB, a outros partidos que também ganharão ministérios e à base de apoio ao futuro governo já formada no Congresso, haveria votos mais que suficientes para aprovar a PEC na Câmara.
Integrantes da Equipe de Transição ouvidos pela coluna negam que Lula vá se render à pressão do presidente da Câmara. Mas deputados do PT estão insistindo com o futuro presidente que sem o apoio de Arthur Lira a PEC dificilmente será aprovada.
Também argumentam que e a possível nomeação de Renan Calheiros para a Integração Nacional cria dificuldades, mais ainda sem uma compensação de peso ao presidente da Câmara.
O fato é que, por uma razão ou por outra, não foi feito o esperado anúncio da ministra da Saúde. E há na Câmara uma sensação de que a PEC dificilmente será votada nesta semana, como queria o governo.
Tales Faria
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