Lula enxergará na pesquisa divulgada nesta quarta-feira pela Quaest um pacote de dados embrulhados para presente. Melhoraram as taxas de aprovação ao modo como o presidente governa e o desempenho do seu governo. Regiões do país e nichos do eleitorado que votaram majoritariamente em Bolsonaro no ano passado começaram a sorrir ou deixaram de fazer careta para Lula, que começa a invadir cidadelas do adversário -um rival inelegível e rodeado de inquéritos criminais.
O pano de fundo para essa mudança de cenário é econômico e social. Ao restaurar programas como valorização do salário mínimo, Bolsa Família, Minha Casa e Mais Médicos, Lula reteve o eleitorado que votou nele. Ao desenrolar o plano que tira nomes sujos do SPC, avançou sobre uma classe média baixa e superendividada. Ao articular no Congresso a aprovação de reformas econômicas que sinalizam compromisso com o equilíbrio fiscal, refreando a inflação e os juros, Lula pegou pelo bolso brasileiros diferentes estratos e tendências.
Seis em cada dez entrevistados aprovam a maneira como Lula governou o país nos primeiros sete meses e meio de governo. A aprovação de 60% é o maior patamar obtido pelo presidente neste terceiro mandato. A taxa de reprovação é de 35%. A diferença entre os que aprovam e os que reprovam saltou de 16 pontos para 25. O governo Lula é aprovado por 42%, um avanço de cinco pontos desde junho.
A aversão de evangélicos a Lula não sumiu. Mas a curva se inverteu. Hoje, a quantidade de evangélicos que aprovam o antagonista de Bolsonaro (50%) é maior do que o contingente que o desaprova (46%). A aprovação de Lula no Nordeste continua nas nuvens (72%). Mas melhorou nas outras regiões. No Sul, pedaço bolsonarista do mapa brasileiro, Lula obtém mais de 50% de menções positivas.
Confirma-se a percepção de que a popularidade de um governante tende a crescer na proporção do aumento da percepção de prosperidade dos governados. Nessa matéria, porém, o que vem pode fugir. No momento, Fernando Haddad se estranha com Arthur Lira, um reajuste dos combustíveis pressiona a inflação para o alto e a Janja politiza um apagão que desligou o Brasil da tomada por até seis horas. Convém ao governo governar a si mesmo.
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