Sem palanque na Bahia, Bolsonaro vê aliados do centrão se afastarem

Depois de ignorar as enchentes que devastaram cidades do sul da Bahia em dezembro, preferindo manter as férias no litoral do Sul do país, enquanto milhares de pessoas ficaram desabrigadas e dezenas perderam suas vidas, o presidente Jair Bolsonaro (PL) foi ontem à Bahia em clima de campanha eleitoral. 

Na busca pela reeleição, Bolsonaro ainda está sem palanque garantido no estado, que é o quarto maior colégio eleitoral do país. O presidente terá que reverter a alta rejeição que tem no estado. Bolsonaro foi recebido em Salvador com vaias e xingamentos de estudantes. 

Na capital baiana, Bolsonaro visitou o Hospital Santo Antônio, criado pela Santa Dulce dos Pobres, e que passa pela pior crise financeira desde a fundação, em 1959.

Nas eleições de 2018, Bolsonaro obteve pouco mais de 27% dos votos dos baianos. Ganhou do adversário, Fernando Haddad (PT), em apenas quatro dos 417 municípios do estado. 

Na campanha pela reeleição, o presidente terá ainda mais dificuldade para angariar votos e encontrar palanque no estado. 

O PP (Partido Progressista), que apoia Bolsonaro nacionalmente, ocupa a cadeira de vice no governo estadual administrado pelo PT e tende a seguir com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato à Presidência da República.

O partido é o segundo em número de prefeituras na Bahia e seu líder, o vice-governador João Leão, já anunciou que, independentemente do rompimento com o grupo petista local, apoiará Lula. 

Outro que não quer ter sua imagem associada a Bolsonaro é o ex-prefeito de Salvador ACM Neto, pré-candidato ao governo da Bahia pelo União Brasil.

A estratégia de partidos como o PP, de se desvincular da imagem desgastada de Bolsonaro, deu certo nas eleições de 2020 e a capital com maior índice de rejeição ao presidente deu vitória a partidos da base do presidente.

Resta a Bolsonaro insistir na candidatura do atual ministro da Cidadania, João Roma (PR). O problema é que os republicanos caminham ao lado de ACM Neto e tentam inviabilizar essa possível candidatura.

Se o nome de Roma não vingar, Bolsonaro poderá ficar sem um forte cabo eleitoral na Bahia, justamente o ministro à frente do eleitoreiro Auxílio Brasil, aposta dos bolsonaristas para tentar reverter a rejeição entre os mais pobres, especialmente do Nordeste. 

Os apoiadores do presidente na capital baiana o recepcionaram ontem com gritos de "mito", na visita ao Hospital Santo Antônio, que fica Largo de Roma, Cidade Baixa. Bolsonaro aproveitou para circular próximo à aglomeração, garantindo imagens para sua campanha.

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