Levantamento da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), com base em dados do Ministério da Saúde, aponta que a ida de meninas adolescentes (12 a 19 anos) ao médico, de maneira geral, é 2,5 vezes maior do que a de meninos da mesma idade —em 2020, foram registrados 10.096.778 atendimentos delas contra 4.066.710 deles. Quando se compara a ida de meninas ao ginecologista com a de meninos ao urologista, a discrepância é ainda maior: elas vão 18 vezes mais ao especialista do que eles.
Segundo a entidade, estudos americanos também apontam que somente 4% dos meninos adolescentes procuram o urologista de forma espontânea para uma consulta de rotina, contra 60% das meninas da mesma idade. Diante desse cenário, há seis anos a SBU realiza a campanha "#VemProUro" durante o mês de setembro - quando é comemorado o Dia do Adolescente, no próximo dia 21. O objetivo é incentivar os meninos adolescentes a iniciarem a rotina de consultas regulares ao médico assim que entram na puberdade, assim como normalmente acontece com as meninas.
"A gente percebeu, com esses dados brasileiros, que enfrentamos o mesmo problema dos americanos. Temos uma ida muito menos frequente dos adolescentes do sexo masculino ao médico de uma maneira geral e menos ainda quando se trata do urologista, o que reforça a falta de cuidados do homem com os cuidados da própria saúde", afirmou Daniel Suslik Zylbersztejn, urologista do Hospital Israelita Albert Einstein, médico coordenador do Fleury Fertilidade e idealizador da campanha na Sociedade Brasileira de Urologia.
Para Zylbersztejn, a partir do momento em que um jovem cria um elo com o médico, isso tem um grande impacto no seu entendimento sobre sua saúde. "A mãe costuma levar a menina ao ginecologista logo depois que ela tem a primeira menstruação. Esse ginecologista acaba criando um vínculo com essa adolescente, pois esse médico conversa sobre sexualidade, namoro, saúde íntima e sobre assuntos que os pais não têm tanta conexão e facilidade. O elo costuma ser tão grande a ponto desse médico ser o mesmo que vai cuidar do parto dela", exemplifica. "Por que não fazer a mesma coisa com os meninos?".
Não existe uma idade definida para o início da rotina médica, já que cada menino vai entrar na puberdade em momentos diferentes - há aqueles que entram mais cedo, por volta dos 12 anos, e há ainda aqueles que chegam à puberdade com 15 anos.
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