O gato, no caso, é Lula, que manda no pedaço, mas que tem, de vez em quando, sua autoridade desafiada pelos ratos, ou seja, os partidos que disputam com avidez fatias do poder.
Lula conhece todos os truques deles, até porque já aplicou alguns a seu favor. José Gomes Temporão, médico sanitarista, foi o ministro da Saúde mais longevo de todo o período do PT no Poder.
Mas quando Lula quis nomeá-lo em 2007, os partidos se apressaram em dizer que ele seria ministro da cota pessoal do presidente. Era verdade, uma vez que Temporão não tinha partido.
O que fez Lula? Telefonou para Sérgio Cabral (MDB), governador do Rio, e convenceu-o a assumir a paternidade da indicação de Temporão. O médico filiou-se ao MDB e virou ministro.
Interessado em emplacar outro ministro no governo Lula, o PSB alega que Flávio Dino, seu filiado, é da cota de Lula. E banca Márcio França (PSB-SP) para outra vaga qualquer.
Pode até dar certo, porque Lula sente-se em débito com França que desistiu de ser candidato ao governo de São Paulo e apoiou Fernando Haddad (PT). França é do partido de Geraldo Alckmin.
Izolda Cela (sem partido) está cotada para ser ministra da Educação, cargo também ambicionado pelo PSD. Governadora do Ceará, ela ajudou Lula, ali, a derrotar Ciro Gomes (PDT).
Acontece que um candidato inesperado à Educação entrou de última hora na parada: Camilo Santana (PT), antecessor de Izolda, eleito senador. Será muito difícil que o Ceará tenha dois ministros.
É certo que Simone Tebet (MDB) será ministra, possivelmente do Desenvolvimento Regional. Mas o MDB diz que se ela for, entrará na cota de Lula, não do partido. Gato e rato são bichos espertos.
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