De um lado da mesa estavam Laura Jane Richardson, general quatro estrelas do Exército dos EUA e chefe do Comando Sul, e Lloyd Austin, secretário de Defesa norte-americano. De outro, o general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ministro da Defesa do Brasil e ex-comandante do Exército brasileiro.
Fontes que estiveram naquela sala relembram como o tom usado pelos representantes de Biden foi claro: as instituições democráticas brasileiras eram sólidas. Ou seja, não haveria qualquer tipo de apoio a uma ofensiva por parte dos militares brasileiros em relação ao questionamento contra a democracia no país.
O recado foi entendido por todos que estavam naquele local. Dias antes, o então presidente Jair Bolsonaro havia usado um encontro com embaixadores estrangeiros em Brasília para atacar as urnas eletrônicas e questionar o processo eleitoral no Brasil.
Naquele momento, o governo recebia uma série de visitas do mais alto escalão do governo americano, incluindo o chefe da CIA (agência de inteligência dos EUA) e a cúpula da Segurança Nacional.
Mais de um ano após os atos de 8 de janeiro, diplomatas admitem que a pressão discreta por parte de Biden ajudou a mandar um recado aos militares brasileiros de que um processo golpista não encontraria respaldo pelo mundo. Pesou ainda uma carta de senadores americanos pedindo que o presidente americano suspendesse qualquer acordo militar com o Brasil, caso uma ruptura institucional ocorresse.
O recado era simples: um golpe poderia até ocorrer. Mas o dia seguinte do novo regime traria custos elevados para aqueles no poder. Sem o apoio de membros da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), restariam ao eventual novo governo golpista alianças com párias internacionais e regimes isolados dispostos a usar o Brasil para fortalecer posições contra os EUA.
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