Em 2070, mais de um terço dos brasileiros serão idosos, segundo o IBGE. Boa parte do cuidado com esta parcela da população recairá nos cuidadores de idosos — trabalhador invisível de uma atividade não regulamentada e que pode ser bem remunerado.
"Eu sentia um amor muito grande. Não tem nem explicação para o sentimento."
É assim que o cuidador de idosos Rodrigo Rafael de Camargo, de 39 anos, lembra de Carlos, que tinha demência e faleceu em abril, aos 87.
"Quando eu chegava, ele já dava um grito. 'Rodrigo, vem aqui um pouco. Você não viu o que está acontecendo com o controle da TV aqui?'", recorda-se.
"Aí eu mexia no controle e tava tudo funcionando. Eu abria o controle, tirava a pilha, colocava a pilha no lugar, pegava um paninho, limpava por dentro. Aí eu falava, 'tá funcionando'. Mas não tinha nem parado, sabe? Aquilo era só para eu estar perto dele", prossegue.
"Era um sentimento muito gostoso, ver como ele gostava de ficar perto de mim."
A demanda por profissionais como Rodrigo é cada vez maior em um Brasil que fica cada vez mais velho.
De 2000 para 2023, a proporção de pessoas com 60 anos ou mais na população brasileira quase duplicou: subiu de 8,7% para 15,6%.
Ao mesmo tempo, a taxa de fecundidade do país recuou de 2,32 em 2000 para 1,57 filho por mulher em 2023. E a população do país vai parar de crescer em 2041, segundo projeção do IBGE.
Boa parte do cuidado com a população brasileira que envelhece recai e recairá cada vez mais na figura do cuidador de idosos — um trabalhador invisível em uma atividade não regulamentada que, segundo especialistas na área, pode ganhar mais de três salários mínimos (R$4.236).
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