No dia 16 de outubro, Fernanda Montenegro completou 95 anos. Em plena atividade, fazendo filmes incríveis e também propagandas. Sua filha, Fernanda Torres, aos 59 anos, é protagonista do filme de enorme sucesso Ainda Estou Aqui. Fernanda Montenegro e Fernanda Torres estão na moda!
Na minha pesquisa sobre “Envelhecimento, autonomia e felicidade”, quando pergunto: “Dê um exemplo de uma mulher que envelheceu bem”, Fernanda Montenegro aparece em primeiríssimo lugar. As justificativas são que ela continua ativa, não se aposentou da vida, aceita a idade, não fez um excesso de cirurgias plásticas para parecer mais jovem, etc.
No entanto, vale o alerta de uma psicóloga de 65 anos: "De repente, todo mundo passou a achar que os velhos estão na moda. O cabelo branco que era considerado horrível passou a ser lindo. Agora a obrigação é deixar o cabelo branco, não pode mais pintar, tem que mostrar que é velha. Passou a ser fashion respeitar a diversidade e colocar cotas de velhos nas propagandas e desfiles de moda para ser politicamente correto. O mercado não é idiota, quer lucrar cada vez mais. Ele descobriu que os mais velhos também têm dinheiro e que eles ainda têm tesão, namoram e gostam de sexo e de roupas bonitas".
É verdade: os mais velhos namoram, fazem sexo e sentem muito tesão pela vida. Mas por que a recorrência preconceituosa de usar o advérbio "ainda" quando se fala de beleza, moda, amor, sexo e prazer na maturidade? Há mais de 30 anos venho mostrando que a velhice pode ser, e é, uma fase de conquistas, alegrias, descobertas, realizações, prazeres e aprendizados. É o momento de deixar florescer "o tesão da alma", como disse Rita Lee, aos 73 anos. As mulheres maduras que tenho pesquisado afirmam categoricamente: "É a primeira vez que eu posso ser eu mesma, nunca fui tão livre, nunca fui tão feliz, é o melhor momento de toda a minha vida. É uma verdadeira revolução". É a libertação grisalha, como me disseram algumas.
De biquíni ou maiô, minissaia ou jeans, cabelos brancos ou coloridos, do jeito que cada mulher se sentir mais bonita, segura e confortável, somos cada vez mais livres para inventar nossa "bela velhice". E para mostrar aos velhos de hoje e aos de amanhã que "velho é lindo!" e que "velho está na moda!".
Antropóloga Mirian Goldenberg
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