A pessoa sai da consulta médica com um pedido de exame de sangue e agenda a coleta para o dia seguinte, às 8 da manhã. Ela é avisada que ela deve comparecer em jejum. No dia da coleta, ela aparece com o estômago vazio e muito sonolenta (de não ter bebido nem um café) e encontra uma fila quilométrica de pessoas com seus pedidos em mãos. Depois de meia hora de espera, nem sabe mais como se chama: tudo que quer é sair dali e tomar café da manhã de uma vez por todas.
Mas será que tudo isso é realmente necessário? Os exames em jejum eram a norma há algum tempo, quando sempre era medido a glicose, os lipídios e costumada ser feita a contagem de células sanguíneas. E claro, se você comia um pedaço de bolo logo antes da coleta, sua glicose disparava. Porém, nos últimos tempos, as análises se diversificaram e a informação extraída de uma amostra de sangue nem sempre depende do que comemos nas horas anteriores.
É possível medir glicose e colesterol sem jejum?
Os tipos de exames de sangue aumentaram nos últimos tempos — o que é uma boa notícia, pois significa que os médicos podem extrair mais informações de uma amostra. A diversificação das análises, inclusive, pode nos salvar de outros exames mais invasivos (como biópsias) ou exames mais complicados e caros (como endoscopias ou ressonância magnética). A desvantagem é que isso cria confusão quanto à necessidade de jejuar.
— Como as técnicas foram mudando muito e os exames são automatizados, mudou esse conceito de necessidade de jejum para todos os exames. Outro motivo que contribuiu para isso é o conhecimento da fisiologia do corpo porque não há necessidade de fazer jejum para um exame que não será alterado pela alimentação — explica a endocrinologista Rosita Fontes, do laboratório Sérgio Franco, da Dasa.
Se analisarmos os diferentes tipos de exames de sangue um por um, descobrimos que, no Brasil, a maioria não requer jejum.
— Tem apenas um exame que ainda precisa de um jejum prolongado de 8 horas, por determinação intrnacional, que é a dosagem de glicose, para o diagnóstico de diabetes — afirma o médico Nairo Masskazu Sumita, patologista clínico do Fleury Medicina e Saúde.
Por outro lado, surgiram soluções para possibilitar o diagnóstico da doença sem a necessidade de jejum. Trata-se de um exame chamado hemoglobina glicada ou hemoglobina A1c (HbA1c), que ao contrário do exame de glicose, que avalia os níveis de açúcar no sangue naquele momento, o HbA1c analisa a variação dos níveis de glicose nos 90 dias anteriors à coleta.