Jair Bolsonaro (PL) andou sumido, quieto e (dizem seus aliados) deprimido, desde a derrota para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição presidencial.
De 30 de outubro até a última sexta-feira (9), ele só apareceu para divulgar um resmungo sobre o resultado das urnas, para passar pano em atos golpistas e pedir para que seus seguidores não metessem o louco em estradas e quartéis.
Fechou o bico em seguida e passou a se comunicar por sinais: uma foto aleatória postada nas redes com a filha aqui, uma reprimenda com o olhar sobre o vice Hamilton Mourão acolá e, mais recentemente, por meio das lágrimas doloridas que escaparam pelo canto dos olhos numa cerimônia militar.
Os olhos diziam tudo: o homem de lata, que em seu mandato só mostrou ter coração quando importou as vísceras de um monarca guardadas em formol, também sofre, sente e chora. Ou pelo menos finge bem.
Sabe o que aconteceu desde então? A aprovação do (ainda) presidente só aumentou.
Pesquisa Ipec divulgada na quinta-feira (8) mostrou que, no apagar das luzes da gestão, 39% dos brasileiros já consideram seu governo ótimo ou bom, número superior, finalmente, aos que o rejeitam (36%). A virada veio um pouco tarde, é verdade, mas já é alguma coisa, como o gol do Oscar nos 7 a 1.
No fim de setembro, quando Bolsonaro já despejava dinheiro em propaganda e programas federais de caráter eleitoreiro, o índice de aprovação era de 29%. A reprovação era de 47%. Hoje é de 36%.
É curioso que a moral de Bolsonaro com o eleitor tenha aumentado justamente quando seu governo, na prática, deixou de existir: hoje quem costura acordos com o Congresso e queima as pestanas em busca de soluções orçamentárias para pagar as contas da farra fiscal do último ano é o presidente eleito e sua futura equipe.
Na prática o novo governo já começou.
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