Ao seguir conselhos do Centrão, Bolsonaro diminui distância para Lula

Os xingamentos no cercadinho ficaram mais raros, desapareceram as críticas às vacinas, a contestação à urna eletrônica sumiu por ora e os embates com ministros do Supremo se tornaram menos frequentes. Com providências como essas, o presidente Jair Bolsonaro (PL) deixou de ser visto por alguns eleitores como um político imprevisível e tornou-se palatável como candidato à reeleição. O novo figurino foi sugerido pelos políticos aliados do Centrão. Assim, Bolsonaro se aproxima de Lula, o líder da pesquisa Datafolha.

O petista aparece com 43%, enquanto Bolsonaro marca 26%. Lula caiu até dois pontos em relação à pesquisa anterior e o presidente cresceu até 5%. Também a diferença em um eventual confronto no segundo turno caiu bastante, já que Bolsonaro tirou 8% em comparação ao levantamento de dezembro: agora tem 34% contra 55% de Lula (antes era 30% a 59%). A rejeição do presidente também teve queda.

Não foi apenas na etiqueta presidencial que o Centrão influenciou Bolsonaro. Tão importante quanto a domesticação do presidente foi a vitória dos políticos tradicionais na queda de braço com Paulo Guedes. A concessão do Auxílio Brasil de R$ 400, mesmo ao custo de estourar o teto de gastos, é o principal símbolo dessa diretriz mais pragmática.

O resultado é um Bolsonaro que parece a uma parte do eleitorado menos encrenqueiro e mais preocupado com o bem-estar da população. 

Talvez esse seja um dos fatores importantes para que a reprovação ao governo tenha caído de 53% para 46%. A aprovação subiu de 22% para 25%. O resultado ainda não é satisfatório, mas o pacote de bondades que o presidente e seus aliados pretendem anunciar nos próximos meses deve melhorar esses números.

Bolsonaro continua sendo Bolsonaro e volta e meia poderá ceder à tentação de retomar a coleção de impropérios. Mas a atual pesquisa Datafolha servirá ao ministro Ciro Nogueira e ao deputado Arthur Lira (PP-AL) como argumento para mostrar o quanto o presidente tem a ganhar se deixar de lado os confrontos inúteis propostos pelo filho Carlos Bolsonaro, sua milícia digital e o chamado "grupo olavista. 

O problema é saber até quando ele vai resistir.






Chico Alves

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