Debutante em eleição presidencial, Simone Tebet entra na briga com 1% das intenções de voto. Terá de transpor muitos obstáculos: atrair os tucanos ainda recalcitrantes, driblar os conspiradores do MDB, colocar em pé algo que se pareça com um programa de governo, aparecer o bastante para que o eleitorado comece a notá-la de tal forma que seu partido não possa ignorá-la na convenção a ser realizada em julho.
Ainda não se sabe se Simone Tebet irá até o fim. Mas é possível dizer que sua presença na disputa traz um sentimento parecido com o que é descrito no Soneto da Fidelidade, de Vinicius de Moraes. Talvez não seja uma candidatura imortal, posto que é do traiçoeiro MDB. Mas que seja infinita enquanto dure.
A presença de um contraponto feminino numa disputa liderada por um candidato que imagina que pode prevalecer no primeiro turno e outro que já se considera com os dois pés no segundo turno faz bem à democracia. O Brasil não termina em 2022. Ainda que Simone não tenha condições de vencer a eleição, é útil que o brasileiro conheça pessoas que possam ser apresentar como alternativas para o futuro.
Assim, seria bom se Simone Tebet conseguisse se firmar como candidata. Do mesmo modo, é útil que Ciro Gomes se mantenha na disputa, para que o eleitorado possa testemunhar um mínimo de debate numa campanha marcada pela inanição de ideias.