Com o aumento da pobreza e da insegurança alimentar no país, tem crescido o grupo de famílias que se veem na necessidade de vender o que têm para comprar comida.
A pandemia acabou com a pequena loja de produtos de limpeza que Marcos Inácio da Silva tinha aberto, e ainda levou a esposa dele, Isaura, que morreu de Covid em 2020. Ficaram o Marcos e os filhos gêmeos - hoje, com quatro anos de idade.
"Quando acordo, penso que não vou, sabe, nem conseguir. Quando eu olho para o lado, vejo eles e é isso que me fortifica, é isso que me dá mais vigor para chegar e continuar a batalhar”, conta o pintor desempregado.
Mas sem ter de onde tirar dinheiro, Marcos começou a vender coisas de casa: "O botijão, uma serra e uma parafusadeira. São instrumentos de obra, né? Para comprar pão, leite para eles, a mistura. Então, assim, a dificuldade que a gente encontra é essa. É de manter o dia, o agora".
Edna Barbosa Pereira perdeu o trabalho de empregada doméstica também no início da pandemia; conseguiu alguns bicos e mais nada. Aí começou a desmontar a própria casa. Primeiro, a máquina de lavar roupas.
"Tinha que pagar o aluguel, vendi a máquina. A primeira coisa foi a máquina. Aí da máquina, foi a geladeira. Da geladeira foi bujão", relembra.
Levantamento da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional indica que, quase metade das pessoas que se alimentam com menos do que deveriam ou que passam fome já tiveram que vender bens ou equipamentos de trabalho para suprir necessidades básicas - principalmente a alimentação. Os dados são deste ano.
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