Mantra da propaganda, o "falem bem, falem mal, mas falem de mim" é uma das estratégias para quem quer se projetar nas redes sociais. O presidente Jair Bolsonaro (PL) usou e abusou da premissa em sua campanha de 2018, que o levou ao Palácio do Planalto. Para a eleição deste ano, o conceito se mantém, com uma diferença: o público-alvo, agora, são os eleitores mais jovens.
No último fim de semana, Bolsonaro comentou um tuíte da cantora Anitta, em que ela defendeu as cores da bandeira brasileira ao usar uma roupa em verde, amarelo e azul num show nos Estados Unidos. O post do presidente foi campeão de curtidas e retuítes: até o fechamento desta edição, tinha 5.854 comentários, 11,5 mil retuítes e quase três mil curtidas no Twitter. No Instagram, foram 836.786 curtidas e mais de 44 mil comentários.
Ao ver a projeção que as postagens do presidente atingiram, a cantora deu uma "aula" de estratégia digital, com informações que outros candidatos parecem não ter entendido ainda. Ao bloquear os perfis de Bolsonaro, Anitta disse que os administradores das contas do chefe do Executivo estão se aproveitando da projeção global dela para aumentar a popularidade.
"Neste momento, qualquer manifestação contra ele por meio dos artistas vai ser revertida em forma de deboche pelas mídias sociais dele. Assim, o artista vira o chato mimizento, e ele, o cara bacana que leva tudo numa boa", escreveu a cantora.
A equipe de marketing de Bolsonaro entendeu que a mobilização de artistas para estimular os jovens a tirar o título de eleitor e participar do pleito deste ano vem surtindo efeito, e aproveita para pegar carona nesse movimento. Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que mais de 1 milhão de jovens entre 16 e 17 anos se inscreveram para votar em outubro. Na faixa etária entre 18 e 24 anos, são quase 20 milhões de eleitores.
Para se aproximar desse público jovem, Bolsonaro usa maciçamente as redes sociais de alto alcance. Telegram, Instagram, YouTube, Twitter, Facebook e TikTok têm perfis oficiais do presidente. Em janeiro, ele ainda lançou o aplicativo Bolsonaro TV, cuja logomarca traz o rosto do presidente de perfil com a inicial "B".
Em outro post que viralizou, Bolsonaro ironizou a aliança entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSB) para disputar as eleições. O chefe do Executivo retuitou a foto da dupla de políticos e comentou com um "kkkkkkk". Em seguida, escreveu a palavra "ratio", usada nas redes sociais para fazer com que comentários viralizem mais do que a postagem original. O "ratio" deu certo, e o comentário foi mais curtido do que o post original de Lula.
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