Depois de seis mandatos consecutivos no Congresso, o deputado licenciado Rodrigo Maia (PSDB) desistiu de concorrer novamente ao Legislativo e abriu caminho para a irmã gêmea, Daniela Maia (PSDB), que deixou a presidência da RioTur.
Maia chegou a se licenciar do governo paulista, mas, anteontem, reassumiu o cargo de secretário de Projetos e Ações Estratégicas.
Em entrevista ao Estadão no Palácio dos Bandeirantes, o ex-presidente da Câmara disse que segue como coordenador do plano de governo de João Doria (PSDB), pré-candidato ao Planalto. Para ele, que rejeita o rótulo de terceira via, o PSDB deve se posicionar como partido de centro-direita.
O Estado de S. Paulo: Por que desistiu de tentar o 7.º mandato de deputado?
Rodrigo Maia: Quero uma experiência fora do Legislativo. Tive a experiência com Doria e agora com o Rodrigo (Garcia, pré-candidato ao governo de SP pelo PSDB), que é meu amigo, e vejo a possibilidade de ajudar no governo dele. Quero aprender mais sobre gestão e orçamento público para, no futuro, ter outros desafios na política ou no setor privado.
Estadão: O sr. segue como coordenador do plano de governo de Doria. Vai haver sinergia entre a campanha dele e a de Garcia à reeleição?
Maia: Na campanha do João eu coordeno o plano de governo. Quero me restringir a isso. Entrei no PSDB, mas existem muitos conflitos dos quais não quero participar. Já em relação ao Rodrigo Garcia, é uma eleição diferente. Ele é meu amigo. Na eleição nacional vou me ater a temas técnicos para construir um plano transformador da vida das pessoas.
Estadão: Como o sr. vê o cenário no PSDB?
Maia: Teve prévias e foram questionar. Isso deve ser tratado por quem está no partido há mais tempo. Doria se viabilizou como candidato. O PSDB tem um problema de aceitar que está à direita do Lula. Se a sociedade entende que o Lula é esquerda, então o adversário tem que estar no outro polo. Precisamos resgatar nosso eleitor.
Estadão: Como avalia os encontros de tucanos como Fernando Henrique Cardoso, Aloysio Nunes e outros com Lula?
Maia: Como todos foram para a oposição ao [presidente Jair] Bolsonaro (PSL), que é considerado uma direita não democrática, isso confundiu a cabeça do eleitor. Se você olhar o cruzamento de pesquisas na avaliação positiva de Doria, vai ver que o Lula (ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT) tem 40% das intenções de voto. Nacionalmente, nosso eleitor tem hoje mais restrição ao Bolsonaro do que vontade de apoiar uma candidatura fora da polarização. Temos que dizer aos eleitores que se decepcionaram com Bolsonaro que temos uma alternativa que não seja o PT e a volta a.
Estadão: O sr. não gosta do termo terceira via?
Maia: Não tem terceira via. O eleitor de centro pode decidir a eleição, mas não é majoritário no processo eleitoral em nenhuma democracia. A polarização comanda o processo político brasileiro desde 1994.
Estadão: A tendência então é a polarização se repetir esse ano?
Maia: Se nós não entendermos que o nosso campo é à direita do Lula, estaremos fora do segundo turno. Não é fácil ocupar esse espaço porque estamos no campo da direita, com o Bolsonaro à nossa direita.
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