Centrão avalia que o Planalto frita Ciro Nogueira

Bolsonaro tem uma peculiaridade. Quando surge uma crise com potencial para encrencá-lo, o presidente coloca a culpa em alguém. Lideranças do centrão avaliam que o chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, maestro do grupo, foi acomodado na frigideira do Planalto para evitar que Bolsonaro se queime irreversivelmente no escândalo que arde no Ministério da Educação.

Parte da caciquia do centrão não digeriu a decisão do general Augusto Heleno, chefe da Segurança Institucional, divulgar a lista de visitas que os pastores lobistas do MEC fizeram ao Planalto. Verificou-se que a Casa Civil de Ciro Nogueira tornara-se um dos destinos prediletos de Arilton Moura e Gilmar Santos, os pastores que achacavam prefeitos.

As verbas cuja liberação os religiosos se dispunham a azeitar em troca de vantagens indevidas escoavam do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, o FNDE. Ali, quem controla a chave de um cofre de R$ 55 bilhões é Marcelo Ponte, um ex-assessor de Ciro Nogueira. 

Num primeiro momento, a pasta de Heleno negou-se a abrir os dados requisitados pelo jornal O Globo. Pressionado, liberou. Para os correligionários de Ciro Nogueira, o general que cantarolava em 2018 "se gritar pega centrão, não fica um, meu irmão" não levaria a mão ao cabo da frigideira sem o aval de Bolsonaro.

Nos próximos dias, a turma do centrão planeja enviar um recado para o Planalto: pior do que uma crise, só duas crises.

Josias de Souza




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