"Dois milhões de jovens foram mobilizados a tirarem título de eleitor para votar pela primeira vez". Lendo o Estadão de hoje, sinto vergonha como cidadão, que vota desde que terminou a ditadura militar e votou para presidente da República em 1989. Votei contra o Lula, votando em Collor. Deu no que deu. Mas mesmo pai de filhos pequenos e tendo de sustentar uma família à duras penas, não hesitei em sair na Av Paulista junto aos "caras pintadas" em 1992 e protestar a favor do impeachment deste.
Da mesma forma que estava na Praça da Sé em 1984 pelas diretas já, da mesma forma que acompanhei o cortejo do Tancredo Neves a pé, do Hospital das Clínicas até o Aeroporto de Congonhas. Cantando Milton Nascimento "Coração de Estudante" que era a música que o conterrâneo Tancredo Neves tanto apreciava.
Bem hoje é história, que com certeza contarei aos meus netos. Nunca me calei, não. Desde os tempos de estudante eu percebi "que não cheirava bem" a falta de Um Estado Democrático de Direito". Democracia aqui acabou sinônimo de roubalheira, toma lá da cá e maracutaias mil.
Que país eu entrego aos jovens que votarão pela primeira vez?? Cadê a terceira via?? Votar em Lula ou o Caudilho? Teremos a maior votação nula da nossa história. Sinto vergonha como cidadão e como pai e avô entregar a democracia tão sofrida e que foi fruto de luta aguerrida aos jovens que nem bem começaram a vida, enfrentarão frustração e impotência.
Vão às ruas? Fazer o quê? Aulas de moral e civismo como nós recebíamos na ditadura? Pra quê? Meu avô dizia antes de partir que entregava um país melhor do que ele encontrou. Ok seu Joaquim, verdade. Mas eu? O que entregarei aos meus netos? Qual luta será travada e quais conquistas eu terei orgulho de mostrar aos jovens que serão instados às eleições? Difícil.
Nossa safra de políticos é por demais rasa e rasteira. Não merece nem comentários. Penso muito em meus netos. Como conseguirão enfrentar algo que é fraco, que virou um câncer? Qual a cura? Se há. Temos de fazer profunda reflexão em nossas vidas, valores e propósitos, orientar não somente se preocupando com seu umbigo e seu sucesso pessoal. Não existe sucesso quando poucos ganham e muitos perdem.
Definitivamente não há o que comemorar. Ou damos um basta neste vírus nefasto e destruidor chamado políticos, ou não teremos nada a deixar como legado. Nada. A não ser o salvem-se quem puder, faça muito sucesso e dinheiro e construa muros altos para ninguém pular no seu quintal. Simples assim. M A S. O melhor país do mundo, nas mãos dos piores possíveis. Triste.
Mauricio Abraham Silva _ Consultor financeiro e proprietário da Femmacap
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