Lula levou a mão à alça do caixão do PSDB quando retirou Geraldo Alckmin da disputa pelo governo de São Paulo, abrigando-o em sua chapa. Matou três coelhos com uma cajadada: deu um aroma de terceira via ao seu projeto de poder, fraturou as pretensões presidenciais do tucano João Doria e aproximou o petista Fernando Haddad do Palácio dos Bandeirantes. Com seu movimento, Lula deu visibilidade a um cortejo fúnebre que começou há duas décadas, quando o PSDB escondeu Fernando Henrique e os feitos do seu governo no armário.
O PSDB girava ao redor da cova há duas décadas quando Bolsonaro implodiu o centro democrático, em 2018. Pela primeira vez em sua história, tucanato chega a uma sucessão presidencial sem candidato. Um pedaço do espólio tucano se oferece a Bolsonaro no escurinho. Outro naco se conforma em fazer o papel de força auxiliar da presidenciável Simone Tebet, do MDB, enquanto aguarda pela contingência de ter de declarar apoio a Lula num eventual segundo turno.
Ao anunciar que "acabou o PSDB", Lula apenas jogou terra em cima de um buraco que o tucanato cavou. Ouviram-se alguns murmúrios vindos do ninho. Mas ainda que o morubixaba do PT conseguisse levar sua língua na coleira, o que parece impossível para alguém que sente o cheiro das nuvens de cima do salto alto, a atmosfera de enterro permaneceria inalterada. Se Haddad prevalecer em São Paulo, interrompendo uma hegemonia tucana de 28 anos, a descida da lápide será incontornável.
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