O caso Pedro Guimarães deve ter efeito reduzido ou nenhum na intenção de votos do presidente Jair Bolsonaro entre as mulheres. Mas a afirmação — do presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles, coordenador do estudo "Mulheres e Eleições"— não deve ser motivo de otimismo para o ex-capitão. Muito antes pelo contrário.
Segundo Meirelles, o impacto eleitoral da revelação das acusações de assédio sexual contra um dos mais próximos colaboradores do presidente deverá ser limitado por dois motivos.
O primeiro é que o episódio tende a indignar com mais intensidade um público que já rejeita Bolsonaro: o das mulheres jovens. "Essas mulheres, mais identificadas com as causas feministas e identitárias, nunca declararam voto no presidente. Portanto, não há como ele "perder" pontos onde nunca teve", afirma Meirelles.
O segundo motivo é que, entre as eleitoras que estão com o Bolsonaro, a propensão é de dar pouca importância a temas como o do assédio. "Elas não estão atentas a essa temática e, além disso, sua determinação de voto, que já passou por outros testes, está muito consolidada".
No entanto, o fato de o escândalo fazer com que Bolsonaro "apenas" reafirme a sua rejeição junto ao eleitorado feminino jovem e não perca votos no segmento que já é dele não deveria tranquilizar o presidente.
Bolsonaro, concordam pesquisadores, precisa desesperadamente ampliar sua popularidade junto ao eleitorado feminino, majoritariamente ao lado de seu adversário, o ex-presidente Lula (PT).
Hoje, o ex-capitão encontra-se 19 milhões de votos atrás de Lula. Desse total, praticamente 17 milhões de votos são de mulheres, diz Meirelles.
"É matematicamente impossível o presidente ganhar a eleição sem diminuir de forma significativa a rejeição que ele tem hoje entre o público feminino", afirma o pesquisador. Bolsonaro está num atoleiro. E o caso Pedro Guimarães tornará muito mais difícil o desafio de sair dele.
Thaís Oyama _ Colunista da UOL
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