Uma aliança extensa com 15 partidos de ideologias diferentes ajuda a explicar por que o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), foi reeleito para o segundo mandato no primeiro turno com a maior votação do país. Ele obteve 70,47% dos votos válidos (mais de 3 milhões), derrotando o principal concorrente, Zequinha Marinho (PL), aliado de Jair Bolsonaro.
Juntaram-se à campanha do emedebista os partidos PSDB, Cidadania, PT, PCdoB, PV, PP, PSD, PDT, Republicanos, Avante, Podemos, União Brasil, DC, PTB e PSB.
Com tantas siglas aliadas — incluindo legendas que nacionalmente apoiavam Bolsonaro — o tempo de propaganda política de Barbalho na TV também foi maior.
Já o principal adversário de Barbalho contou apenas com Patriota e PSC como aliados.
Para conseguir apoio de vários lados, Barbalho se afastou da polarização das eleições presidenciais e se valeu de um novo arranjo de forças políticas no Pará, segundo especialistas.
A má avaliação dos últimos governadores também favoreceu a reeleição do emedebista com ampla vantagem.
Desde a redemocratização, a principal polarização no Pará foi entre o antigo PMDB (hoje MDB) e o grupo liderado pelo PSDB. No polo do PMDB estava a família Barbalho e seus aliados, explica Gustavo Ribeiro, professor de sociologia e ciência política da Universidade Federal do Pará (UFPA).
"As duas últimas gestões — de governo com Simão Jatene e na prefeitura da capital com Zenaldo Coutinho (ambos do PSDB) — saíram muito mal avaliadas e isso fez com que o polo de oposição ao MDB ficasse enfraquecido", explica Ribeiro.
Helder teve a capacidade de arregimentar e incorporar o apoio do principal adversário, que era o PSDB", avalia. Em crise, a ponto de não lançar candidato ao governo na eleição passada, o PSDB ficou ainda mais fraco, alterando as forças políticas.
"Toda a direita que não era bolsonarista estava com ele (Helder Barbalho) e a esquerda teve o PT, um partido forte, que fez coligação com Helder com um candidato ao Senado, uma aliança com o objetivo de marcar posição", explica Ribeiro.
O senador Beto Faro (PT) também conseguiu se eleger, derrotando o oponente do PL.
Além da diversidade de partidos, também ajudou Barbalho o fato de que as alianças começaram a se formar bem antes das eleições, ainda em 2020, com apoio de boa parte das prefeituras dos municípios paraenses.
"As alianças com prefeitos do interior fizeram com que Helder tivesse palanque em vários municípios fortes", diz o especialista.
Em campanha, Barbalho aproveitou para destacar que visitou todos os municípios do Pará.
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